Viva e não deixe morrer

Bruno Garofalo
4 min readJan 26, 2022

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Andei refletindo bastante para poder escrever isso aqui. Por um motivo que já trouxe aqui em outra oportunidade: desânimo. Às vezes ele vem de um acúmulo de cansaços diversos na cabeça, às vezes de parar um tempo por qualquer outro motivo e não ter energia para pegar no tranco de novo.

E às vezes por falta de retorno.

Eu não vou ser presunçoso aqui e dizer que eu sou necessário. O que eu faço é simples: escrevo coisas que fazem sentido para mim, e que eventualmente fazem sentido para outras pessoas. E, talvez, este aspecto seja o que realmente traz algum sentido para o que eu faço, em diferentes escalas. Já chego lá.

O que me impede muitas vezes de publicar algo aqui com a regularidade que eu proponho geralmente é simples: chega segunda à noite e eu não consigo pensar em nada robusto o suficiente para dizer. Em nada para contribuir de verdade com quem eu espero que esteja do outro lado, esperando algo que faça dar um clique na cabeça. Aí passa do horário e eu desisto. Pode acontecer a mesma coisa no dia seguinte, e daí eu já acho mais simples deixar passar uma semana inteira.

Hoje li uma carta em que um marketeiro famoso dialoga com a própria filha, numa ocasião em que ela venha a ler a carta. Pelo temperamento da menina e pelas características que ela já demonstra — apesar de muito nova — , fica claro que ela é daquelas pessoas que podem ser paralisadas por qualquer imprevisto, qualquer desvio dos planos. Que leva tudo a ferro e fogo demais, principalmente quando se trata de regras, processos e afins. Eu sou um pouco assim também.

E eu sei que eu preciso mudar em diversas coisas. Confesso: faço o melhor que posso aqui. Se não é o melhor que posso entregar, não entrego, e temos uma nova ausência de segunda-feira. Eu já me cobro demais, porque sinto que estou muito aquém do meu potencial. As pessoas olham para mim e acham que eu deveria me cobrar menos, e meu medo é só de ficar completamente estagnado se eu diminuir o nível de cobrança.

Mas existe algo além da simples produtividade, da mera entrega de conteúdo regular: existe o propósito, como eu já disse. E minhas experiências de escrita não só me colocam sempre em contato com ele; elas também proporcionam situações que você sequer acreditaria se eu contasse. Simplesmente porque é surreal demais. É um conjunto de coincidências com pouquíssima probabilidade de acontecer, mas que se alinha de alguma forma.

Eu vejo constantemente as coisas que eu escrevo me abrirem portas, extraírem sentimentos, e até mesmo se tornarem realidade. Então por que eu escrevo tão menos do que eu gostaria? O fato é simples, e consigo observá-lo acontecer não só comigo, mas com muitas pessoas próximas de mim:

Nós estamos constantemente nos afastando das coisas que gostamos.

Por quê? Não sei. Talvez boas doses de investigação e meditação me levem a uma resposta mais concreta. Mas essa autossabotagem existe, e nós devemos observá-la em todos os estágios para que ela não se desenvolva além de sua própria premissa.

Quando eu não escrevo, eu estou morrendo. Mas não só isso: estou ao mesmo tempo me matando e me deixando morrer.

A carta que mencionei anteriormente me inspirou a escrever esse texto justamente porque me pôs a pensar: eu não preciso levar as coisas a ferro e fogo sempre. Eu não preciso ser tão duro, ainda que eu precise, ao mesmo tempo, continuar em frente sem afrouxar para evitar a perda de energia, de movimento, de vontade.

E porque em algum lugar, lendo esse texto, está você. Você, que ouve o que eu tenho a dizer, que acredita que eu acumulei alguma experiência que talvez lhe falte, e que precisa que eu te diga certas coisas para que você não cometa os mesmos erros que eu. Você, que vê tudo isso e enxerga sentido. Você que continua, dia após dia, acreditando no meu sonho. (Obrigado.)

Para que eu continue vivendo e não o deixe morrer.

Eu abri meu coração. Agora é hora de você abrir o seu. Curtiu? Então deixa suas palmas aí nesse texto se ele fez você refletir ou mesmo sentir alguma coisa. Vale até se te arrancou um sorriso. Se você quiser me acompanhar mais de perto e saber com exclusividade o que eu penso, você pode clicar no botão ao lado da minha foto para me seguir no Medium e sempre ficar de olho nas publicações.

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Bruno Garofalo

Levando poesia à vida comum. Textos às segundas, com (cada vez menos) raras exceções. Escrevo sobre o que quer que me inspire.