A importância de escrever memórias

Bruno Garofalo
4 min readOct 11, 2022

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Essa também foi feita com o Dall-E Rostos não são a especialidade dele.

Entrei para um clube do livro.

Eu definitivamente não precisaria explicar os motivos por que resolvi entrar, mas para resumir: eu queria retomar o hábito bom de leitura que eu tinha antigamente, com mais força; é um clube cuja premissa envolve ler (em sua maioria) clássicos, livros bons no geral, então eu melhoraria meu repertório e meus processos de leitura/escrita; e, por fim, eu também queria conhecer gente que gosta das mesmas coisas que eu.

O primeiro livro com o qual tive contato foi Paris é uma festa, do Ernest Hemingway. Se você não o conhece, ou não se lembra do nome, é o cara que escreveu O velho e o mar. Paris é uma festa não é necessariamente aquele seu livro com uma boa história; início, meio e fim. Ele é um livro de memórias, que contam eventos de quando Hemingway se mudou para Paris com a esposa e o filho, após a primeira guerra mundial.

Enquanto eu lia, me senti tragado pela Paris dos anos 20, em todo o seu charme de ruas compactas, cafés e um clima aparentemente agradável. Vários escritores famosos estavam lá durante esse período, e Hem — como era chamado pelos amigos — teve contato com alguns deles: Gertrude Stein, Ezra Pound, James Joyce e até o ligeiramente mais conhecido Francis Scott Fitzgerald (um mala dramático, segundo descrições do autor e minha própria interpretação).

Paris é uma festa é o que eu precisava para vencer a inércia de muito tempo sem fazer uma leitura completa. As páginas fluíam tão bem que eu mal percebi que li duzentas e poucas páginas tão rápido, dado o meu ritmo. Mas eu não queria necessariamente falar do livro; só acho necessário para compreender o ponto que estou prestes a trazer aqui.

Como eu já disse em outros momentos, o ambiente e as companhias favoráveis são um grande catalisador para a execução de trabalhos, sejam eles quais forem. Embora Hemingway fosse adepto da solidão durante os seus momentos de trabalho de escrita, sempre era acompanhado pela bebida — e, por Deus, como ele bebia nessa época.

Também, a vida do cara não era um morango, como diria Casimiro. Ele tinha seus próprios demônios para combater. Por ser um artista numa cidade que o valorizava e inspirava todo tipo de aventura, ele era bastante tentado, se é que posso dizer assim.

Mas mais importante do que isso: suas memórias estão registradas. Ainda que ele não se lembre muito bem ou com perfeita exatidão, visto que o livro foi escrito pouco antes de sua morte, no fim dos anos 50. E eu creio que ele teve momentos incríveis de contato com essa época, com o frescor da juventude na Paris dos anos 20 e com uma felicidade quase onírica e impossível de se replicar.

Até porque o tempo não volta atrás.

Na minha humilde opinião — e eu entendo que isso pode funcionar para mim e não para você — , fazer esse tipo de registro é talvez melhor do que utilizar as fotos e vídeos que temos a nossa disposição hoje em dia.

Se você olha para uma foto, consegue se lembrar mais ou menos de como as coisas eram na época. Se vê um vídeo, verá o retrato sob uma perspectiva que talvez nem seja a sua.

Escrever é… diferente. Principalmente porque as palavras possuem um potencial quase único de trazer de volta a sua própria essência. De resgatar o que você estava sentindo, talvez até mesmo a pessoa que você era.

E talvez, num futuro distante, tudo que você queira é pode ser essa pessoa de novo, mesmo que por alguns momentos.

Eu abri meu coração. Agora é hora de você abrir o seu. Curtiu? Então deixa suas palmas aí nesse texto se ele fez você refletir ou mesmo sentir alguma coisa. Vale até se te arrancou um sorriso. Se você quiser me acompanhar mais de perto e saber com exclusividade o que eu penso, você pode clicar no botão ao lado da minha foto para me seguir no Medium e sempre ficar de olho nas publicações.

Se você quiser mais, leia também:

Pensamentos demais, espaço de menos #5

Carta anônima #20

Terapia onírica #2

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Bruno Garofalo

Levando poesia à vida comum. Textos às segundas, com (cada vez menos) raras exceções. Escrevo sobre o que quer que me inspire.